La Casa de Papel parece pregar a ideologia de raça superior


Sei que a acusação é pesada, mas creio que não sou o único a notar que a Nairobi estava atrás de uma genética idealmente perfeita. Calma, vou explicar.

Para quem ainda não viu a Série da Netflix algumas informações são cruciais. Trata-se de um grupo de assaltantes que na primeira temporada rouba a Casa da Moeda e na segunda temporada, o Banco da Espanha. A curiosidade é que cada um dos personagens possuem codinomes de cidades como Tokyo, Rio, Helsinque, Nairobi, Moscou e assim por diante. O arquiteto dos assaltos não tem nome de cidade é apenas chamado de Professor. 

Bom, a Série tem muitos tiros, viradas mirabolantes e muitos diálogos em flashbacks, de modo a fornecer ao telespectador um fluxo forte de emoções. Como cada temporada é dividida em duas partes, na quarta parte, isto é, na segunda parte da segunda temporada - espero não ter dado uma de Dilma aqui -; acontece um diálogo entre a personagem Nairobi e o Professor que causou-me consternação.

A Nairobi e a Tokyo nutrem uma profunda admiração pela inteligência do Professor. Ao longo dos episódios isso é disseminado nas conversas e olhares dos personagens. Num destes flashbacks de preparo para o roubo do Banco da Espanha aos 5m19s do sexto episódio da quarta parte, Nairobi pede a doação de um gene do professor para que ela possa ter uma criança gênio, assim como o Professor.

Nairobi: Você seria o pai do meu filho?
Professor: Como é?
Nairobi: Eu preciso de uma boa genética para combinar comigo. Isto é importante. 
Professor: Perdão?
Nairobi: Eu te vejo na sala, e penso: que homem brilhante, honesto, tão sensível e belo. E com ideais.
Professor:  Nairobi, o que você está pedindo é impossível. (O Professor tem um relacionamento com outra personagem, a Lisboa)
Nairobi: Olha não estou pedindo para você agir como uma pai se não quiser. Estou pedindo uma doação pra eu fazer as coisas diferentes. Sem vínculos.

Para não ofender a Nairobi, o Professor cede ao pedido e decide doar sua genética. Nairobi fica toda eufórica com a notícia que abraça o professor e diz:

Nairobi: Obrigada, Obrigada. Você não vai se arrepender disso nunca. E a gente vai encontrar a melhor clinica de fecundação do mundo. Isso vai ser incrível.

É válido lembrar que ao longo do episódio chamado "nocaute técnico" a mesma Nairobi, fora dos flashbacks, está com a cabeça atravessada numa porta pelo segurança do banco que escapara do cerco dos assaltantes. Este segurança ao longo do episódio chamava a mesma Nairobi de mestiça (mil leches), a todo o momento.

Nos ideários da eugenia concebe-se a baixeza de que pelo controle social é possível "melhorar" ou "empobrecer" as qualidades físicas e metais de uma população. Esta ideia abjeta já esteve no Brasil quando se falaram em branqueamento da população quando trouxeram imigrantes europeus na pós-lei áurea. Adolf Hitler também seguiu esta linha falando da superioridade da raça ariana. No século XIX quando o partido Democrata americano tinha profundas ligações com o Ku Klux Kan também se falava em raças melhores e piores. 

Mas pelo jeito, os globalistas estão voltando com esta mesma conversa como visto nos diálogos da Nairobi com o Professor. Para completar, no minuto 37m25s o episódio retoma a temática da genética do Professor. Porém agora, a Nairobi está conversando com a personagem Tokyo.

Nairobi: Ele me disse que sim. O Professor, disse-me que sim. Você vai ser tia! (As duas mulheres se alegram com a notícia e passam a fazer planos)
Tokyo: Pensa, agora você vai ter um pequeno gênio em casa. Dá o nome de Ibiza.
Nairobi: Poxa, gostei do nome. Ele vai ser popular no colégio.

A personagem Nairobi parece ter recebido grande apreço pelos movimentos feministas por ter gritado em um dado momento da Série: "E que comece o matriarcado!". Todavia a mensagem mais forte que a Nairobi legou está realmente no episódio seis da quarta parte, ao propagar a ideia de genética melhor. Ideia esta que foi a base da eugenia que levou milhões de judeus para os fornos nazistas.

Daniel Souza Júnior
Editor do Teorítica