Fundada em 1855, Thomas Cook Group entrou em processo de falência neste Setembro de 2019.
O seu fundador foi um aventureiro que teve a ideia de fretar uma locomotiva e levar pessoas de um canto a outro na Inglaterra a preços acessíveis.Seu filho, John Cook prosseguiu este trabalho criando a Thomas Cook &Son até ver sua companhia estatizada pela Companhia Britânica de Transporte em 1949.
Posteriormente, os negócios de Thomas Cook foram desestatizados por um consórcio de empresas inglesas em 1979 e vendidos a um empresa alemã que transferiu à outras empresas também germânicas até por fim formar a Thomas Cook Group. Como bem relatou The Guardian¹, desde 2018 cerca de 20 mil funcionários e 550 agências de turismo da Thomas Cook estavam sobre uma corda bamba com o alto grau de endividamento da companhia. No fim, nesta madrugada de segunda feira 23 de setembro de 2019, a corda estourou.
A falência da Thomas Cook Group desencadeou um alvoroço das agências de notícias internacionais classificando como um dos maiores colapsos administrativos já visto. Mais de 150 mil turistas ingleses espalhados pelo mundo precisam ser levados de volta para a Inglaterra. Países como Portugal, Turquia, Espanha e Grécia se preocupam com o impacto social relativo a falência da Companhia. Ademais, rumores também veiculados pelo The Guardian dão conta que o Primeiro Ministro Boris Johnson se recusou a ajudar a Companhia Thomas Cook em seus últimos suspiros.
Porém, neste blog, pretendo ver esta falência sobre uma outra perspectiva. Além do fim de um modelo de negócio baseado em dominar e monopolizar um mercado. A falência da Thomas Cook Group é o sinal do fim de uma Era industrializadora onde transformar recursos, dominar a cadeia de distribuição e lutar pela sobrevivência eram sinônimos de sucesso. O que destruiu Thomas Cook, além de sua incapacidade de reinventar, foi também a vontade de morrer.
Em 2011, Thomas Cook Group, quase abriu falência, mas seus credores foram tolerantes e a empresa tentou se reerguer, no entanto, continuou seguindo sua estratégia louca de comprar ativos e vender ativos sem se preocupar com a sinergia de seus negócios. O seu antigo controlador, a Holding Alemã Arcandor, ainda em 2009, também havia aberto falência pela sua incapacidade de se reinventar no setor de correspondências e compras pela internet. Tanto Arcandor quanto Thomas Cook Group eram grandes tubarões que atravessavam oceanos de mercados, mas jamais sobreviveriam em pequenos lagos como temos hoje.
Em resumo, esta falência não fala apenas de uma incapacidade de se reinventar ou do perigo das dívidas, mas do fim de uma era em que dominar o mercado era sinônimo de controle. Um tempo em que megas companhias, metaforicamente chamadas de tubarões, estão em processo de extinção diante dos pequenos mercados, ou pequenos lagos, que formam os mercados contemporâneos. Nesta era pós industrialização dominar o mercado pode não mais ter significado, pois a infinidade de pequenos mercados proliferou pequenos negócios ao redor do mundo. Aquilo que os autores e analistas chamam de disrupção tecnológica, também significa disrupção de mercados. Thomas Cook Group não foi vencida pela internet ou aplicativos, esta companhia era grande demais para nadar em vários lagos pequenos ao mesmo tempo.
Escrito por:
Daniel Souza Júnior - Mestrando em Administração
REFERÊNCIAS
1 - https://www.theguardian.com/business/2019/sep/21/thomas-cook-holiday-nightmare-big-debts-bad-luck-brink