Para aqueles que se deleitam nas palavras bíblicas é comum encontrar Deus afligindo o seu povo com doenças. Como aconteceu com um certo rei chamado Uzias que num ato de indignação resolveu pegar um instrumento religioso (incensário) e adentrar ao santuário para manuseá-lo feito um sacerdote. Em decorrência deste atrevimento brotou em sua testa uma lepra (hanseníase) gerando um desespero por parte dos oitenta sacerdotes que o puseram para fora do templo. Ato que nada aliviou para o tal rei que passou os restos de seus dias em isolamento sem ter qualquer contato com a comunidade.
No processo de libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, Deus enviou dez pragas que tomaram de doenças e pestilência as terras de Faraó. Ou ainda quando a irmã de Moisés, Miriã, ficou leprosa porque demonstrou preconceito contra a mulher de Moisés (Nm 12.1). Aos sacerdotes Deus orienta em Lv. 14. 34-48 que as casas que apresentem fungos em suas paredes (a bíblia chama de lepra nas paredes) devem ter os seus rebocos arrancados e em casos de recorrência dos fungos deve-se destruir e reconstruir o imóvel. Existem orientações quanto as práticas sexuais, seus limites e práticas. No trato da higiene pessoal como menstruação, gravides e resguardo; um leque de orientações divinas para que a comunidade hebraica alcançasse a santidade requerida pelo Deus de Israel.
No meio deste lago de regras e proibições acontece também a revolta do povo contra seu estado de peregrinos. Nômades desde a saída do Egito, o povo israelita cruza o deserto na região dos moabitas (terras árabes) lutando contra povos de diversas etnias. Em condição de viajantes Deus envia dos céus todos os dias um orvalho que continha um pó branco que forrava a areia do deserto. Após colherem este pó branco (maná) o povo fazia pão para aquele dia. Devido a um desvio que Moisés faz no trajeto da peregrinação, o povo logo começa a reclamar de tudo, inclusive da comida: "detestamos essa comida miserável!" (Nm 21.5). Obviamente Deus se irritou e mandou cobras venenosas morderem o povo, matando-os aos montes. E aqui está outra praga assolando uma comunidade.
Tal como as pragas, o vírus chinês é um alerta. Assim como Deus corrigia o seu povo enviando doenças e pestes, as pragas ainda nos servem de sinais. Um sinal que algo está errado. Talvez estamos oprimindo uma geração para que o império seja mais poderoso e forte, como fez Faraó. Ou estamos debochando do próximo como fez Miriã. Ou ainda estamos como Uzias, desprezando as coisas Santas pelo nosso secularismo e racionalismo exacerbado. Deus talvez não nos mandará cobras venenosas, mas lhe garanto que famílias de vírus e bactérias podem cumprir uma única evocação do Criador. Neste caso, um coronavírus para Moisés seria a décima praga de Deus enviada ao Egito. A pergunta que ficaria é: a quem Deus quer libertar?
Daniel Souza Júnior
Editor Teorítica