A ciência dos números é uma espécie de ciência do caos.
Recentemente andei lendo alguns artigos científicos das áreas da estatística e da matemática que dão suporte a ideia de distanciamento horizontal. Os trabalhos possuem sofisticadas fórmulas desde integral, módulos e curvas normais. Se você é daqueles que não sabe como calcular tudo isso, bem vindo ao clube. Todavia, com as minhas poucas horas de estatística básica, não é difícil saber que nem tudo nesta vida se resume aos números. Lembro-me que nos tempos bíblicos ora Deus mandava fazer o censo do povo de Israel ora Deus proibia.
Recentemente andei lendo alguns artigos científicos das áreas da estatística e da matemática que dão suporte a ideia de distanciamento horizontal. Os trabalhos possuem sofisticadas fórmulas desde integral, módulos e curvas normais. Se você é daqueles que não sabe como calcular tudo isso, bem vindo ao clube. Todavia, com as minhas poucas horas de estatística básica, não é difícil saber que nem tudo nesta vida se resume aos números. Lembro-me que nos tempos bíblicos ora Deus mandava fazer o censo do povo de Israel ora Deus proibia.
No primeiro caso destaco o livro de Números 26 quando Deus ordena Moisés contar quantos maiores de vinte anos restaram no povo depois que uma praga assolou a população. No segundo caso, lembro-me do rei Davi que deu ordem aos seus generais para contar a população, como está escrito em I Crônicas 21. Como consequência, no caso de Davi, Deus se irou e começou a assolar o povo com doenças por causa do censo promovido pelo rei. No fim, Deus ofereceu três opções a Davi para cessar o mal: sete anos de fome, ou três meses de derrotas nas guerras ou três dias de pestes em Israel. Usando a lógica de que cair nas mão de Deus é melhor que nas mãos dos homens, Davi optou pela peste. Ao ver mais de setenta mil mortos pela peste em suas terras, o rei Davi clama a Deus para que cesse aquela mortandade, Deus então solicita um sacrifício para colocar termo aquela maldição.
Números, tudo começou com números. A contabilidade também é uma ciência da quantificação e do controle, do débito e crédito, algo bem diferente da estatística em que se busca as probabilidades e significâncias, o cálculo do erro amostral e não de seu acerto. Foi a probabilidade que colocou todo o mundo em quarentena nestas três últimas semanas. O cálculo amostral determinou que deveríamos achatar uma curva que se quer existia, mas era prevista estatisticamente. O que não percebemos é que estávamos nos norteando por duas curvas normais produzidas nos mais sofisticados métodos matemáticos que o nosso tempo pode oferecer. Porém, eram normais no sentido estatístico da palavra, um comportamento abstrato e nada fraquente no mundo real.
Raríssimas coisas na natureza apresentam no formato de uma curva normal. Em geral, principalmente em matéria de doenças, as coisas seguem uma crescente, às vezes até exponencial. Veja a proliferação do câncer, ou da Aids, ou ainda qualquer outra mortandade como a malária, um descuido e tudo vai pelo ar. A conversa de que "vamos ter que achatar a curva" é como o rei Davi querendo contar o povo sem avisar Deus - trocou a confiança em Deus pelo controle contábil; no nosso caso, pela predição estatística.
Jamais saberemos se fomos bem sucedidos em nossa empreitada em "achatar a curva", mas como foi nos dias de Davi, podemos nos deparar com as três propostas oferecidas por Deus: fome, derrotas ou pestilências. O ponto chave é seguir os mesmos caminhos de Davi, escolher cair nas mãos de Deus do que nas mãos dos homens, e torcer para que de alguma forma a sua ira seja aplacada. De qualquer forma essa ciência dos números ainda hoje é uma ciência do caos. Se não é caos nos cálculos probabilísticos, certamente será nas contabilidades dos governos e das empresas.
Daniel Souza Júnior
Editor Teorítica