E a corrupção continua ou não? Parece que a extrema imprensa esqueceu.
Em tempos de vírus chinês, pandemias midiáticas, traição de
Sérgio Moro e despejos de dinheiro público na sociedade brasileira, lembrei-me
das planilhas da Odebrecht. Elas que foram comentadas em audiência pelo braço
operador do Marcelo Odebrecht, o senhor Benedicto Barbosa da Silva Júnior,
podem nos ensinar muito sobre o modus operandi do neandertal político
brasileiro.
Explicando a relação da Odebrecht com os políticos, com a
palavra, o sr. Benedicto:
“A gente tinha uma forma de atuar”, disse o sr. Benedicto. Neste
ponto eu tenho que interrompê-lo para atualizar o meu caro leitor sobre o
contexto corruptivo em que os políticos brasileiros se meteram.
O “marco zero” da lava jato
Segundo a reportagem do Estadão de julho de 2016 comentando
sobre onde seria o começo da investigação da lava jato, a matéria observou que
desde 2002 vinha acontecendo uma espécie de perseguição, feito gato e rato,
envolvendo o Delegado da Polícia Federal Gerson Machado contra o doleiro
Alberto Youssef. Esta captura por Youssef foi até retratada na Netflix pela
série “Mecanismo”.
A perseguição se dava pelo motivo das tais contas CC5. A
matéria do Estadão não explica o que são as “contas CC5”, mas aredite, entender
estas contas é imperioso se quiser compreender do que o sr. Benedicto está
falando. Estas contas CC5 são nada mais e nada menos que o DNA corruptivo da
dita Nova República do Brasil. Ficou curioso? Vou direto ao ponto.
Contas CC5 – um motivo de existir
Quando o Plano Real foi implementado no governo Itamar
Franco para a sustentabilidade da nova moeda Fernando Henrique Cardoso proibiu
o fluxo de dólar na economia brasileira. Esta ação dificultou a vida do
comércio entre o Paraguai e o Brasil. Poderíamos comemorar esta ação, pois
assim pensaríamos que as muambas e toda sorte de tráfico ficariam dolorosamente
prejudicados.
Uma vez que a moeda real deveria ser usada, e uma da sociedade moderna
é: a nossa moeda é a nossa força. Traficantes internacionais deveria se curvar
a moeda brasileira para operacionalizar em nossos bancos e assim a Polícia
Federal teriam uma isca para capturar os criminosos.
Porém, este clima de Plano Real, proibição do uso de dólar e
o enfraquecimento do comercio local na Foz do Iguaçu acabou obrigando o agora
governo Fernando Henrique a editar a Carta-Circular 2.677 (10/04/1997) através
do Banco Central regulamentando o uso de contas de domiciliados no exterior,
contas CC5.
Estas contas faziam o milagre de receber depósitos em reais
e remeter o dinheiro ao exterior na moeda dólar. A ação visava resolver todos
os problemas. Não dolarizava a economia brasileira, atrairia o dinheiro
paraguaio para dentro do Brasil fortalecendo a moeda Real e ainda solucionava
os problemas econômicos locais na região da Foz do Iguaçu quanto as remessas de
dólar para o exterior. Seis bancos brasileiros ficaram encarregados de manter
estas contas CC5 entre eles Banco do Brasil, Banco do Estado do Paraná, Banco
Araucária, Banco do estado de Minas Gerais e Banco Real.
Mas onde o homem cria um plano o diabo introduz o pecado.
Contas CC5 – o DNA dos desvios
As empresas de cambio encontrou nas contas CC5 uma “oportunidade”.
O movimento natural seria: brasileiro vão até o Paraguai, pagam em Real as
mercadorias, no final do dia ou da semana, o comerciante do Paraguai envia modo
carro-forte as cédulas para os bancos autorizados com as contas CC5 que por sua
vez remeteriam em dólar para qualquer conta internacional indicada.
As operadoras de câmbio fizeram então o seguinte uso:
sacaram dinheiros em real, colocaram nos carros-fortes enviavam ao Paraguai que
retornavam em seguida e depositavam na conta CC5 desejada. E assim, remetiam o
dinheiro ao exterior. Uma lavagem de dinheiro muito bem camuflada. Se alguém no
Brasil roubasse algum dinheiro era só depositar na conta CC5 correta que sua
grana acordaria nas ilhas Caymam, na Flórida, na Suíça ou em qualquer outro
lugar da terra.
O administrador deste agora mercado negro das contas CC5
eram os doleiros que monitoravam dia e noite o fluxo de capital do Brasil para
o mundo.
“A gente tinha uma forma de atuar”
Bem verdade que os investigadores da lava jato, bem como, os
juízes nela envolvidos, incluindo Sérgio Moro, perceberam que as contas CC5 era
coisa do passado. Os doleiros evoluíram. E a bem da verdade havia uma
pegadinha, uma isca, nas contas CC5 que os criminosos não haviam se atentado, o
que levou ao escândalo do Banestado. Mas isso, vou comentar no próximo post.
Deixe seus comentários para eu saber sua opinião sobre este
ou outros assuntos.
Daniel Souza Júnior
Editor do Teorítica