Um Congresso de Califas como Sarney, Calheiros e Alcolumbre, nada mais é do que o reino dos sucessores.
No dia 1° de fevereiro de 2019 enquanto vivíamos a expectativa do que aconteceria na Câmara com a reeleição dos Maias para o comando dos deputados, o inusitado acontecia, O MDB depois de 18 anos no comando do Senado estava prestes a perder a cadeira para Davi Alcolumbre.
Todos estavam torcendo para Alcolumbre que a 10 horas não levantava da cadeira da Presidência do Senado para que o grande Califa Renan Calheiros não viesse tomar o lugar. Confesso que fiz torcida para que Alcolumbre (nunca tinha visto aquele homem) vencesse aquela disputa contra o Renan Calheiros de Dilma Rousseff. No fundo eu sabia que me decepcionaria com Davi Alcolumbre, pois alguém que tem o apoio do Randolfe Rodrigues amigo do povo não era.
Randolfe Rodrigues foi criado nas coxas do PT e durante dez anos militou nas linhas psolistas do esfaqueador Adélio Bispo e do cuspidor Jean Willys. Naquela fatídica noite de luta contra o Alcolumbre, Calheiros, o Califa mdebista, repetia a todo o instante que não fugiria a luta "não sou Jean William, não sou Jean William". Davi Alcolumbre dizia que queria chegar a um entendimento, Calheiros falava em não fugir a luta, mas afinal, do que é que esse povo estava falando? Fugir a luta significava abrir mão da cadeira da presidência do Senado e buscar o entendimento na visão de Alcolumbre era convencer os amigos do Renan a votar contra o Renan.
Alcolumbre, um jovem Senador estava todo disposto assim porque havia recebido o apoio do clã dos Maias, já comentando no artigo anterior. Alcolumbre que é de um Estado pequeno, Amapá, agora se sente fortalecido quando apoiado por Onixy Lorenzoni do DEM, seu partido, e Chefe da Casa Civil do Governo Bolsonaro. Renan Calheiros pedia o voto secreto, Alcolumbre queria o voto aberto. "Esta Casa, meu colegas senadores, precisa ser transparente, voto aberto" dizia o socialista Randolfe Rodrigues.
Califa significa sucessor, um califado é um governo de sucessores ou selecionados por Alá, no contexto islâmico. No caso do Congresso Nacional, os nossos califas são sucessores de famílias dinásticas como é o caso de Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, Senador por oito anos, agora deputado federal, mas antes de tudo sobrinho do Tancredo Neves.
Aécio Neves é aquele que aparece nas gravações da polícia federal ordenando matar o primo depois de pegar o dinheiro com a JBS. Não por acaso, Rodrigo Maia o brindou com um gabinete privativo na Câmara para protegê-lo de encontros desconfortáveis com manifestantes honestos querendo justiça.
O nosso "estado islâmico" do Brasil que chamamos de Congresso Nacional possui estas particularidades sucessores de famílias dinásticas protegendo outros sucessores. Assim como Davi Alcolumbre votou contra a cassação do mandato do Aécio Neves garantindo a permanencia do corrupto no Congresso Nacional; os jornalistas da extrema imprensa não comenta mais sobre como o deputado Aécio Neves ganhou o apelido de Mineirinho nas planilhas corruptas da Odebrecht.
O Califado no Congresso Nacional persiste porque a extrema imprensa o venera. E aqui está o segredo de sua força, ele se alimenta das famílias dinásticas, dos cargos públicos e da força de "trancar a pauta" de votação. Fatos estes que desvelarei nos próximos artigos.
Continua....
Daniel Souza Júnior
Editor do Teorítica
Fontes
https://en.wikipedia.org/wiki/Caliphate
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47098597
https://www.otempo.com.br/politica/minas-na-esplanada/aecio-ganha-gabinete-disputado-com-ajuda-de-rodrigo-maia-1.2128427